João Carlos M. Madail

Desenvolvimento econômico e social, desafio do novo governo

Por João Carlos M. Madail
Conselheiro do Corecon RS e diretor da ACP
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Na última campanha eleitoral para a Presidência da República, muitas promessas foram feitas pelos candidatos, a maioria voltadas para o bem estar social da população entendida como desamparada das políticas sociais nos últimos anos. No entanto, promessas exigem recursos financeiros para cumpri-las, o que parece não existir na quantidade necessária.

O orçamento que o atual governo mandou para o Congresso para o próximo ano prevê um rombo de mais de R$ 60 bilhões, sem considerar os valores extras do Auxílio Brasil que o próprio presidente prometeu manter, caso fosse eleito. Nas promessas do presidente eleito está a recuperação dos recursos para a Farmácia Popular, merenda escolar, construções de moradias populares, aos moldes do Minha Casa Minha Vida, alimento barato para que a população pobre possa contar com três refeições diárias. Não há dúvida que tais promessas possam ser cumpridas, o problema é encontrar recursos que atendam, na íntegra, tudo que foi prometido.

Mesmo que não seja possível cumprir todas as promessas de uma vez, algumas poderão ficar para 2024 ou além. Antes, porém, o País precisa focar no desenvolvimento econômico e de todos os aspectos qualitativos relacionados ao crescimento da economia. Como dizia Antonio Delfim Neto, é preciso fazer crescer o bolo primeiro para depois dividi-lo. Estado e economia estão intimamente ligados, havendo uma intersecção entre objetivos e os meios para alcançá-los. Sem uma eficiente alocação dos recursos econômicos o Estado não pode promover aos cidadãos nem mesmo os bens necessários para a sobrevivência, muito menos justiça social.

O novo governo, deve de imediato, programar medidas que resultem no crescimento da economia, como: investir em infraestrutura, em capital humano na educação, afora manter controle sobre as contas públicas; recuperação da credibilidade da política econômica e controle inflacionário; simplificação das regras tributárias; e integração nas cadeias globais de valores. O setor privado deve merecer atenção do governo na redução de obrigações burocráticas e tributárias em troca de empregos e investimentos para o bem estar da população. É obrigação do governo reduzir os seus próprios gastos, subtraindo ministérios e quadro de pessoal com pouca participação nos objetivos de crescimento do País.

Não há dúvida de que o governante maior do País é o responsável por todos os males da sociedade, seja na alta da inflação, no déficit público, na alta da dívida pública, na ineficiência da empresas públicas, no desperdício do dinheiro dos contribuintes, na corrupção e tantas outras obrigações que, aos olhos do povo, não passam despercebidas. Sabe-se de antemão que o novo governo que assumirá em janeiro de 2023 enfrentará entraves na área econômica já sinalizados com certa desaceleração nos principais indicadores, depois de um curto período de euforia, mas com taxa de juros alta, inflação em crescimento, produtividade estacionada há mais de dez anos e um cenário internacional em dificuldades, o que pode prejudicar ou beneficiar a economia brasileira, o que vai depender das ações políticas. Resta-nos aguardar a montagem da equipe econômica e torcer para que possa cumprir as promessas de campanha, recompondo, em primeiro lugar, o orçamento insuficiente para atender todas as promessas, o que exigirá muita habilidade nos diálogos e negociação com o Congresso Nacional.

O Brasil necessita com urgência desenvolver sua economia, gerar riquezas e melhorar a qualidade de vida da população. Quem cria prosperidade são as pessoas e as empresas. Cabe ao governo facilitar para que isso ocorra e não criar empecilhos que dificultem quem quer trabalhar, gerar empregos, impostos e paz social. As atuais políticas sociais continuam sendo importantes, mas, no futuro, emprego com carteira assinada deve ser o objetivo de todo brasileiro.​

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